12. O Senhor Presidente

Miguel Ángel Asturias – Guatemala

10 de Junho

Sinopse:

O romance «O Senhor Presidente» teve inicialmente o nome «Os mendigos políticos». Era um conto que Miguel Ángel Asturias tinha escrito quando, em 1923, partiu da Guatemala rumo à Europa. Desde muito jovem que assistiu à situação da desigualdade entre classes e da exploração injusta dos trabalhadores rurais e da sensação palpável do medo dos horrores das ditaduras, mas não compreendia ainda as razões pelas quais tais circunstâncias existiam e qual era a forma de conjurar esta situação. Foi na Europa que tomou consciência dos valores escondidos na cultura tradicional dos «homens de milho». E foram muitos os passos que teve que dar na sua longa preparação de ilustração universal, de confrontação de ideias e de estilos, para que seguindo o conselho que lhe dera Paul Valéry chegara a descrever o seu povo para ser universal. Assim se produziu a longa gestação de O Senhor Presidente que, ainda por cima, da sua condição de romance-denúncia transcende os ecos surgidos em memória colectiva a partir da ressonância natural das palavras, as fantasias oníricas assimiladas de maneira gradual pela realidade da vida.

Miguel Ángel Asturias nasceu na capital da Guatemala, a 19 de Outubro de 1899. Foi um consagrado escritor, jornalista e diplomata, reconhecido no mundo da literatura e um dos precursores do «boom latino-americano», que surgiu entre os anos 60 e 70. Considerado por muitos como o escritor mais importante da Guatemala, entre as suas obras mais conhecidas: Leyendas de Guatemala, El Señor Presidente, Mulata de Tal e Hombres de Maíz, acerca da cultura maya. Viveu exilado durante vários anos, devido à sua oposição pública à tirania. Em 1923 viajou para a Europa, com o objectivo de estudar economia e política em Inglaterra, mas acabou por ficar dez anos em Paris, cidade onde escreveu, entre outros, este livro. Em 1966, Asturias ganhou o Prémio Lenin de la Paz e em 1967 foi galardoado com o Prémio Nobel de Literatura, tendo sido o terceiro escritor americano, sem ser estado-unidense, a ganhá-lo.